IMMATERIAL _CONVITE

IMATERIALIDADE

IMATERIALIDADE, exposition organisée par le SESC São Paulo. Commissaires: Ligia Canongia et Adon Peres.
Fabiana de Barros & Michel Favre présentent la vidéo « Você está aqui (You Are Here) » (2010 – 2015) en version reformulée pour l’exposition.
Coordination technique: Estúdio Laborg
Exposition au SESC Belenzinho du 2/7/2015 au 2/9/2015. (comunicado de emprensa)
Artistes: Anthony McCall – Ben Vautier – Brigida Baltar – Bruce Nauman – Carlito Carvalhosa – Ceal Floyer – Fabiana de Barros & Michel Favre – François Morellet – James Turell – José Damasceno – Keith Sonnier – Laura Vinci – Marcius Galan – Marcos Chaves – Paola Junqueira – Paulo Vivacqua – Ryan Gander – Waltercio Caldas

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Image de la vidéo « You Are Here », Fabiana de Barros & Michel Favre, 2010-2015, vidéo multi projections, 4 min 35, muet.

imat-conviteeletronicoDE UMA CERTA ESSÊNCIA
ADON PERES
« A grandes intervalos da História, ao mesmo tempo em que se muda o modo de existência, muda o modo de percepção das sociedades humanas ».
(Walter Benjamin. Écrits français. Trad. francesa. Paris: Gallimard, 1991, p. 143 (Bibliothèque des Idées)

Além das transformações que surgem na percepção de uma obra de arte segundo a sociedade na qual ela se insere, podemos também considerar as diferenças que ocorrem em sua apreensão segundo os suportes, técnicas e meios utilizados em sua realização.
Que tipo de mudança poderia ocorrer em nossa percepção, uma vez que nos defrontamos com obras, tais como pintura ou escultura, recorrendo a matérias precisas; e a outras, tais como instalações onde predomina um elemento imaterial- luz, som ou ar ?
Nesta exposição, estão reunidos tanto trabalhos artísticos realizados a partir de um suporte material, quanto dispositivos em que o elemento principal é imaterial. No primeiro caso, se estabelece uma relação específica sujeito-objeto diferenciado do segundo, no qual o espectador é literalmente imerso na atmosfera da obra. Em uns, pode haver distanciamento físico, em outros, a total submersão.
Desde algum tempo, em nossas sociedades atuais, esses dois modos de relacionamento com uma obra de arte vivem paralelamente. Eles nos permitem constatar que a força do trabalho artístico, independentemente da época em que foi real izado, reside na criatividade e na originalidade com as quais os artistas lidam com seus meios e escolhem para se expressar, havendo ou não uma materialidade concreta.

IMATERIALIDADE
LIGIA CANONGIA
A exposição « Imaterialidade » toca numa questão fundamental da modernidade: a desmaterialização. Do impressionismo às esculturas abstratas, a sublimação da matéria tornou-se um dispositivo caro à transgressão das formas tradicionais. Muitas das formulações da arte contemporânea são tributárias desse abalo no sistema das convenções materiais.
A obra de arte pressupõe a qualidade de algo que está além de sua presença física, como entidade palpável e sensível. Contudo, há artistas que trabalham a imaterialidade na constituição das obras, que tratam o imaterial como « matéria ». Esses artistas exploram estados físicos intermediários, que escapam às questões de volume, espessura e densidade, preferindo, ao invés, investigar os limites de outras « matérias », insondáveis, como o ar, a luz, a palavra e o movimento.
A questão central da exposição foi reunir artistas cujo interesse estivesse na criação de obras e espaços que supõem a visibilidade além do visível, a sensibilidade além dos efeitos físicos das coisas, o que trafega através e entre os corpos. A ideia era enfatizar a fluência entre as matérias, a reciprocidade entre o pleno e o vazio, as situações em que a materialidade perde contornos e se torna fluida e diáfana. A matéria volátil faz com que aparência se confunda com transparência, que a realidade seja tão somente uma centelha que se vislumbra na efemeridade do espaço e do tempo.
Os artistas selecionados refletem à perfeição o problema do universo imaterial na arte contemporânea. Eles mantêm, em suas criações, uma natureza intrinsecamente imaterial, mental, sem fisicalidade e sem corpo, como se as formas fossem apenas imagens, e assim tentam fazer o invisível « aparecer » pela primeira vez.

20150701_B_Exposição apresenta a arte de lidar com o impalpável – Cultura – Estadão 20150706_Mostra exibe obras no limiar do invisível – 06:07:2015 – Acontece – Folha de S.Paulo